segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Tele pá! é da Tia!!

Antes é nosso amigo em questão, o que Antes faz por nós é de salutar.
O Antes aparece antes de eu o imaginar, brota assim por dizer como bolha de alguma fervura, imprevisivel no local que surge, mas prova do fogo funcionar como é sabido.
O Antes tambem pode no entanto ser aborrecido, se na sua totalidade não sobrar pelo menos todo o resto.
Assim Antes é um veiculo dificil de perder, o que antecede toda uma vontade, é abrangida, mesmo com pézinhos de lâ, na teia da verdade, na teia é suficiente que a verdade, tambem ela feita de emoções, ora se dai advem, é fato à medida, acrescentar a Variavel da própria Verdade, tesoiros dos piratas para os piratas.
Na rede macia, mas tambem espinhosa da Telepatia, ser não a maneira de se falar com a boca cheia ou vazia, mas de ser um mais vocábulo da Era do Silencio(?)
Assim, Antes, brota tão veloz como Lucky, assoprando à sombra do que ainda esta a acontecer, recebe-nos, já tudo adivinhando.
Antes, porem, não diz tudo, reserva-se tal qual a sombra deste cowboy Luke (personagem que surgiu,so-mente), que não mostrando a sua cara, mostra Todo um resto, tal sangue que numa corrida com o seu sangue próprio, se divertisse, todo um trajecto que sendo o mesmo de antes, é diferente.
Uma gota, e faz-se a festa
Uma laguna e temos travessia
Uma alternância inicia movimento
O que se move, é o intelecto
Ele só sobe, pois é o inteiro da sua peça.
Antes brinda-nos em calice que somos
SORVEMOS AGORA ISTO!!!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Vejo-os tristes, num desatino que não acaba
Vejo-os e sei tambem o que sou
Um triste refilão a quem o vê passar
Cheiro o medo intragável de já não sonhar
De não sonharem merda!!!
Mas não do sonho inventádo pela ideia da mente, mas enfim sonhar.
Sonhar com as ventas ao ar,sonhar com o real, e vira-lo para nós
E viramo-nos para ele, trazer à tona do nosso viver
Que não somos nada, nada sem outrem, assumir, assumir com o corpo ou com o que tiver mais a jeito, um dizer, um gemido, uma mão ou o couto
Vejo-os, e entristece-me ver o sagrado sem ter noção que o é!
Ando pois então na vida, umas vezes arregalado, outras pior que putas
E muito de nós nunca saberão o que é isso, não comeram no cú para encher a boca
Pormenores ao que o leitor não deve dar muita importancia
Leio os meus mortos, escutos os vivos, e soa-me tudo à mesma merda
Julgo estar parado em tempo..espera!!!espera!!! o tempo que se foda!!!
Isso são mentiras...só deveria existir um tempo..o Agora, isso chega minha gente!!!
Deixem-se de relogios, de datas festivas..o vosso Mundo está em guerra,e está podre com a minha in-acção
A solução?! Deixem de a procurar!!!Ela somos
Escolhe o preso a prisão?!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Viagem sem regresso

Sentado á espera de algo que não me apetece criar eu mesmo, olho para trás vendo o brilho do Sol ampliado por uma lágrima.

Reparo nostálgico em toda a merda que fiz ou deixei por fazer e a acutilância do meu Ego não me deixa esquecer nenhum possível cenário, levando assim uma imaginação fértil a pantânos infectos e áridos.

Começo a sentir que talvez as percas tenham que ser mais que os ganhos.

E que só assim o tal despojamento necessário pode acontecer. Como poderei agarrar algo se tenho as mão cheias de coisas!?
As coisas, as coisas, sempre as putas das coisas. Continuo a ser o mesmo menino deslumbrado por brinquedos dos quais me vou fartar logo que sejam meus.
Temendo ficar de mãos a abanar retenho um pássaro que já fede na prisão das minhas palmas.

Somente no dia em que largar as asas é que vou conseguir voar.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Prosas fumadas

SOnantes pedradas abrem portas em muros feitos de fumo.

Um alvo lobo tenta comer os males do mundo enquanto as trevas lhe são o pão. Os negros meninos dançam melhor que nunca as musicas do Demo e alguém ri satisfeito no seu trono branco.


Desço da minha grande cabeça e enfrento a realidade alheia. Escorregando molemente insinuo-me aos passantes e em breve sou pele fina ao pescoço de quem disso gosta. Afio a lingua nos ouvidos ali á mão e em breve sinto estremecimentos de prazer que me fazem querer calar.


Os ombros de um odor sobrenatural atiçam-me o apetite e em breve o sangue corre. Os meus dentes psicadélicos parecem escorregar na ternura das carnes e receando enjoar termino o manjar.

Olhos agradecidos e espantados temem e desejam o próximo passo dos loucos.


A chuva vem plácida e as aves de agoiro ou não, recolhem ás beiradas. O fumo do meu cigarro cruza-se no caminho do Tempo que se senta a fumar.

As gotas massajam voluntariamente as sedentas almas e tudo nasce e morre no mesmo sítio.

Enchendo as unhas de solo cavo a minha própria sepultura nela durmo o mais abençoado dos sonos. O sono consciente.

sábado, 6 de setembro de 2008

Liquidos constantes

Duas gotas de chuva descendem do céu negro e tenebroso.

Sem nunca se conhecerem partilham a mesma origem.

Sem nada desejarem acabam por tudo alcançar.

Dois corpos voláteis em busca das formas do maravilhoso.



A água que tudo aceita cobre todos igualmente.

Puro ou imundo leva o mesmo tratamento amoroso.

Como eternas crianças repetindo o jogo eternamente.

Os corpos que nos recebem aguardavam o toque sequiosos.


As lágrimas lavam os olhos e tudo se clarifica

A nossa morte vai ser chuvosa e magnífica

Sem necessitar de qualquer companhia sei que ninguém está sozinho

Não vendo nada nem ninguém descubro a existência escondida atrás da Verdade.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

imagem cega

sem papas ou sem papel, sem imagens ao visual, ao real dos sentidos..uma imagem cega com o esplendor de doer de tão bom ser, ao final, ao enterro interminavél da tentação...perdi o significado exagerado da mente, e suados o bem e o tal, o perto e o acolá, transmutações é já fraco para explicar o que há para ver...isto não é um fio de água...não é um fio de água.....é um rio que ainda não viu mar.

e eu que anseio dizer tudo,já não anseio dizer nada

sábado, 17 de maio de 2008

Isto é só um aviso!

O Tempo trespassa-nos e tudo oxida por dentro.
Por mais Amor que tenhas a acidez vai chegar e logo se vêm os valentes.
Rodeado de autênticas borboletas chego a sentir-me uma flor.
Cansado de atitudes miserabilistas e conflictos de interesse deito-me á sombra e espero que tudo se esvaia. A comunicação silenciosa acaba sempre por prevalecer sobre as palavras e as minhas mãos não sabem mentir.
Consolo as vítimas de acidente nenhum e sinto-me cansado...tão cansado.
Sinto a mandíbula cerrar-se na minha espinha e as dores do corpo são, por vezes, um consolo e descanso para a Alma.
Dorido, tão dorido, encontro fora de mim as forças para permanecer naquilo em que acredito e rio...rio enquanto as margens se afastam cada vez mais com a passagem de muitas e tumultuosas águas.
Sonho com uma ilha deserta e vejo-me só com livros. A simplicidade á muito se perdeu e as experiências passadas fizeram de nós Homens soberbos e sózinhos.
Castelos individuais pululam nas cidades e as portas fechadas...sempre fechadas.
Apenas o que é conhecido é de interesse e tudo o resto é medo e ranger de dentes.
Triste, tão triste, recuso-me a viver no meio de covardes e sinto-me cada vez mais sózinho e alienado á minha própria solidão.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

agora não é tarde

quanto mais tempo acharmos que existe
mais é
esse que nos roubam
o tempo é consciencia
a vida são formas iguais
para o mesmo sentido
evoluimos ou com perninhas e mãos
ou com patinhas e focinhos
ou os chamamos de humanos ou de golfinhos
todos no fundo viemos do mais alto
que nem conseguimos conceber
pois então descansemos as armas...
demos então aos sentidos..os afectos
sejamos mais e nem mais que isso
sejamos os tais que insistem
quebrar limites..é pra isso que somos
os vivos

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Afectos

Sem nunca nada entender seguimos alegres.
Com muito interior mas sem querer ocupar espaço vivemos o silêncio.
Olhando serenamente para dentro conhecemos o que realmente É.
O muro que nos separa nunca existiu.
É apenas um véu na vista de um menino assustado.
Escolhendo amar o próximo os sorrisos sabem a sal.
Sinto a loucura na ponta da lingua e mordo-me de prazer.
A paz na face dos que amo é o meu melhor consolo e a minha ambição é ridícula perante o mundo.
Com as mãos em algo de comestível sinto-me mais vivo e útil que nunca.
Sendo que todos os nuncas são coisas do momento.
A Àrvore da Vida agarra-nos pelos cabelos e jamais sabemos onde vai poisar o próximo passo.
A indecisão e o mistério da existência são aquilo ao que vim e não tenciono parar tão cedo.
Colocando o meu coração em tudo quanto faço não corro qualquer risco de falhar.
Os afectos são a única solução.

domingo, 27 de abril de 2008

muro deitado

do pressuposto
ao supostamente
engrenagens lógicas do pensar
uma cadeia, uma cadeia alimentar do julgamento
onde o problema se assume no topo
e nós...e ai de nós
que vulgarmente dizendo
somos a base, a base disso tudo
apago..e pago o feito
dito..mas não é meu
dispo-me destas constantes mudanças
de humor, de amor
um anti-
Humpty Dumpty do viver
com medo, mais certo era chamar-lhe susto
e como um trampolim
a alma nunca me deixa tocar o chão

se pensarmos que a nossa..
a nossa razão é a única que
a voz dá a entender
muitos e sinuosos conflitos
o que se avizinham
se julgarmos que proprios
e "propriadamente"
atravessamos a possibilidade da verdade
como um garfo que leva comida à boca
se alimentarmos todas estas gulosas ambições
ficaremos com muito espaço sem interior
porem, se nos juntarmos, não mais proximo
do que é...habitarmos em solo sagrado
assim repartir a minha, com a tua, ou de outrem
a derrota nunca sera de ninguem
e jamais
existirá uma vitoria conclusiva
pois nós não o somos
etéreo, a espuma dos dias, passaros que voaram rente à nossa fantasia
pequenos senãos..jorraram de alegria
o sentido será sempre ao encontro de...
o que ao encontro ( de ) vai


quinta-feira, 17 de abril de 2008

O Homem jaz morno e calmo num leito de vida

O Homem jaz morno e calmo num leito de vida.
Tudo corre á sua volta.
E a pressa afoga lentamente qualquer vontade de agir.
Com os olhos muito fechados sente a luz intensa queimando as costas das mãos.Morde as palmas em busca de antigas dores que possam ofuscar o momento.
A Luz é intensa demais.Queima.As lágrimas rebentam os diques e o véu carnal rompe-se.
Completamente imóvel,como morto,tudo vive.
Com um olho na Luz e outro no Desespero a todos entende não julgando ninguém senão si mesmo.Conscientemente contrariado, feliz mas ainda descontente, escolhe levantar-se e Agir.
Com especial cuidado queima todas as suas asas ou peneiras e limpa exaustivamente os pés de barro que tanto quer quebrados.
Os seus, à tanto, esperados actos são recebidos com júbilo e incentivo.
Um brilho estranho ilumina as ruas e as coincidências andam de mãos dadas.
Num beco escuro uma loira antiga conversa com um par de sapatos mais viajado que ela. Uma janela sobre o rio mostra o imparável da Vida.
Sem querer saber os motivos de ninguém procura os seus e grita-os para quem quiser ouvir.
Faz pactos de sangue com ele mesmo e quer morrer por eles.
Deus de cima sorri intrigado.
Sem nunca aceitar qualquer natureza acaba sendo o mais Natural possivel.
Recusando tudo o que não seja Amor acaba rodeado do que realmente É.
Conduzindo uma quadriga em chamas percorre o arco-íris esvaziando o caldeirão mágico sobre aqueles que o veêm.
Nada querendo, tudo acaba recebendo e retribuindo até ao ideal vazio final.
O Homem jaz morno e calmo num leito de vida.

quarta-feira, 19 de março de 2008

de joelhos..aos pés de ninguem

a simplicidade pode aparecer como uma ameaça
o sorriso como insulto bruto
a conversação que é uma festa, um disturbio
afasto-me zangado mas só comigo e com
todos os punheteiros que chupam
na verga da sociedade
admiro-os, naquele equilibrio de enlouquecer
é como descer mas a subir
como o principio para um principio de fim
colem juntas todas as mentiras
amordacem a puta da terra
morram juntos como as peças
que todos somos
o episódio frustrante de duas pontas se atirarem em busca da outra
e no encontro...desdobrarem-se
aumento a dose aos transeuntes e por fim
nas paredes nascem portas..onde só entra quem não é
roupas espalhadas na rua...indicam-me a cadencia a que os ratos com pés se iludem
aseguir, fica-me um gosto de órgia, de existencias banais em budas
amalgama nas linhas, nas curvas
de joelhos...aos pés de ninguem

nesta estranha colmeia, a rainha come os seus
os que sobejam, misturam-se, evidenciam-se e mais pequenos se tornam
nas palavras cinzentas de um prometido arco-sem-iris
todos reclamam o seu quinhão
a surpresa é medonha, e desde que tomam noção da sua morte
passam a vida a inventar estorias dos céus...um chão de Alguem
e aos poucos como o ódio..perde forças
e deste que me assusta por o viver
incomoda já muito menos que o real
ser...um simples sonhar
os que sem demoras me mandam bugiar
sem rejeitar no que não concordam
ficamos a falar já de outra coisa
que teimamos em espreitar

domingo, 16 de março de 2008

Obscenas Idades

Ela vem lenta sobre mim. O seu corpo esguio e morno lambe-me sem lingua. A sua cona abre-se e parece querer devorar-me.
As espaços sinto puder entrar para sempre nela. E lá viver.
Quente e húmido. Alimentado por monstros de um olho que cospem meita.

Trabalho-a com a minha lingua romba pelo uso e vejo o revirar natural dos olhos. A luxuria mata o Ego e ela fica mais nua e exposta que nunca.
Lambo o interior das suas coxas e ela grita pelos meus dentes.
Arranho-a com a mal-desfeita barba e em breve o olho cego tem novo uso.

Puxa-me o cabelo peço eu com a boca cheia de sexo.
As rédeas são usadas e sinto-me uma besta na manjedoura.
O feno são pintelhos e a água sumo de cona.
O frenesim aumenta e em breve o sangue surge.

O teu corpo cada vez mais faminto clama por mais que eu.
Faço da tripas caralhão e vou em frente. Firme e hirto mas sem tesão.
E bato.Bato-me.Bato-te.Fico na duvida se prefiro o sémen em teu cabelo ou o sangue nos teus joelhos.

Tu olhas-me agradecida. Eu triste pelo dever cumprido adormeço.
Quão básicas e diferentes são as nossas Obscenas Idades

Apetece-me

Apetece-me dançar sem os pés mexer.
Apetece-me dormir sem acordar.
Apetece-me fugir da vitória.

Os apetites sempre a crescer.

Apetece-me chorar para te não ver.
Apetece-me comer sem mastigar.
Apetece-me cobrir-te de glória.

Os apetites sempre a crescer.

Apetece-me morrer para te ver sofrer.
Apetece-me matar para vingar.
Apetece-me rescrever a História.

Os apetites sempre a crescer.

Apetece-me entrar no esgoto.
Apetece-me quedar cego e boto.
Apetece-me cortar a mão e lamber o coto.

Os apetites sempre a crescer.

Cansado por tantos apetites arroto em paz a minha loucura

terça-feira, 11 de março de 2008

Vi a luz

Acordei tarde e a a boas horas.
Na minha almofada o cheiro a lobisomen lembrou-me que dormia em caverna alheia.
O hálito forte da vida canina e a sua aspereza de lingua arrancam-me inesperadamente do esquecimento.
Urro de prazer por ter sobrevivido a mais um sono reparador. Confiro a consistência do , dorido, esqueleto e vou em busca de mata-bichos.
Morto o da fome, da sede e da higiene, o da insatisfação havia crescido e afiava as garras pousado na minha cabeça.
Acariciei-lhe o pêlo na tentativa de lhe medir o pulso e calcular o desejo. Acabei arranhado e com vontade de ser cobaia farmacêutica.
Com raiva consulto a agenda. A caça começara. Preciso de um mata-pulsões. Sei muitas receitas e vou em busca da mais barata e saudável.
Um corpo com desejos simétricos ao meu com quem possa executar uma operacão com resultado ZERO e prazer indefenido para ambas as parcelas.
O contacto telefónico é feito e antigos desempenhos facilitam uma repetição. A aproximação dá-se, a magia acontece. A paz oca vem e adormeço sem sequer fumar um cigarro.
Quando acordo o corpo é estranho e os desejos completamente assimétricos. A insatisfação rói enfadada a pouca beleza do momento.
Procuro mentalmente uma saida airosa e antes que nova operação fosse indiciada abondono o local montado na crescente insatisfação.
Mais leve porém peço mais peso e alimento-me como se tivesse trabalhado para tal. A cobra enrola-se demais e o mais básico dos básicos acaba por ser o sublime.
Enrolo o meu tempo e fumo-o com tempo. As passas longas amaciam as arestas e tudo escorre sem dor. Um olhar irmão confirma o nosso desejo e sem encomenda o saco chega com mais que o necessário.
Confirma-mos sem palavras o acertivo da escolha e escolhemos o resto.
Depois de definidas as prioridades o acessório encaixa sem dificuldade.
Nas calminhas preparo os meus prazeres sabendo que quem me interessa faz o mesmo. Preparo as minha armas e saio para a rua. Bem acompanhado por dentro e por fora. O meu sorriso e agilidade na fala não comprometem o bom nome das famílias e posso atentar contra todos.
Shiva vem em meu auxilio e em breve nada é o que parece. A festa já havia começado mas os mortos dançavam no meio de nós. Beijo alguém na boca e a náusea tomba-me. Tento escutar as razões alheias mas é merda merda e mais merda. O meu corpo entra no frenesim habitual e a musica é a única coisa que existe agora. O meu corpo sabe tudo o que precisa e não quer amigos. Antigos ritmos e rituais nascem e morrem em mim. Mãos afagam-me e abrem-me os olhos. São bichos da insatisfação á caça. Cuspo no chão e fujo sem pressas. Exibindo o meu corpo se algo pudesse acontecer.
Dançando as palavras que havia largado ganham consistência e as almas perdidas voltam a aproximar-se. Agora com desejo novos e redobrados.
Ponho-me em leilão.Mas sem reserva fixa ninguém arrisca o primeiro lance. As mãos testam o produto e ouvidos querem novas palavras.
Falo com elas e espremo-as com fervor. Chupo-lhe os sucos e cuspo as casquinhas para a pista de dança, onde outros se apressam a dar-lhe uso.Bagaceiros digo eu.
Quero-me sozinho. Só para mim. Preciso de algo bom e vou em busca dele.
Amigos,o rio,o Sol, tudo lá estava. Encho-me de mim e grito a minha indignação do dia. Espalho a minha mensagem e eles ouvem.
Os meus desejos quando não concretizados servem de combustivel para aquilo que realmente interessa. Sem tempo a perder construo mais castelos no ar e sem pressa planeio a sua não concretização na expectativa daquilo que a frustração me vai trazer.
Acho que só poderei ver a luz se estiver realmente ás escuras.

segunda-feira, 10 de março de 2008

a uma hiena

mordo as mãos...as minhas
mordo-as como fossem comida
preferia morrer saudando a vida
que viver por vezes os dias
mal nenhum encontro
algum bem
dissolve-se a luz
ganham-se novas verdades
caldeirão existencial
transformar-me
esta a demorar mais que queria
fica mais longe fazer futuro no passado
tudo atras de mim é pele morta
surgem quadrantes sinuosos
horrores disfarçados
alguns saltam, atravessando-as..inocuamente julgados
acredito sem piamente me submeter
a nenhuma ideia, pensar, alguma conjucção sonora de significados em parelha
venho á tona dos mundos
e ainda sem tirar a cara de parvo de admirado
sorvo o ar das vozes
e levo para o fundo, tempo
que demoro a voltar
e ocupo este corpo
esguio, esqueletico moderno
mas acordo no sonho
e é isso que sou
uma noite tranquila

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Dividir para Reinar

A mesa parece pequena para as duas almas.
Á volta do cachimbo da Paz a guerra sente-se.
Trocam-se palavras como se cromos fossem e a caderneta engrossa.
As faces tão próximas e os olhos tão distantes deixam no ar o suspense.

Dividimos os fumos e cada um sobe ao seu Céu.
As almas partem para destinos díspares e sobram dois corpos.
Vazios, frios, inseguros e conscientes da sua falha.
Os sonhos abraçam-se sem se misturarem e os corpos estáticos.

O teu olhar vira-me para fora e caio em ti.
Amparas-me esparançosa duma nova mazela que me detenha.
O meu olhar vira-te para dentro e desejas algo mais.
Os nossos corpos ajustam-se enquanto vêmos os nossos espiritos seguirem os seus individuais caminhos.

Olhando o fosso que sempre esteve entre nós,escuro e misterioso,
Estende-mos as mãos na ânsia de tocar carne conhecida.
O amplexo dá-se e pairamos sobre algo que nunca vamos descobrir o quê.
Sabemos que a divisão é o único caminho para o sucesso.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

pessoalmente nada

da fissura timida e oculta, ajuda mas não eleva
escoa as águas das lágrimas tuas
divide por partes desiguais
o que consegue tirar
porque eu não dou...
e com isso do puxa puxa
prendo a corda na altura de me esquecer

deixa-te disso!..disso!!!
que fazes á neblina do teu conscio
sente aquilo que mais perdura que o tempo
a consideração para além do umbigo
mascaras?!? mas de cara?!
o confuso ao inicio aceitar
a ruindade do meu ser
que não tendo maldade
aos poucos o faz
desvanecer
ninguem?! ninguem saberá tão bem como tu
como o ar te entra na guelra
o exercicio dos dias..que são dias??
esta vida em um dia
brilhante como o que implode..revolvendo
eu até sou mais toupeira
que no escuro de algures
encontre o faro do cheiro
mas isso...isso toda a gente o faz
eu é que tendo água
tenho o começo
o inicio de um dia longo
..muito longo
ando no meio das coisas
e no meio das pessoas
desaguo na ignorancia
como um grande rio
e agradeço
suspiro como um pavio, mas sim!! então não!!
aceitar perder
o que nunca se perde a pensar
o que faz manta no meu entender
é algo que esta aberta
e óra encontro-me nela
ou tenho saudades de ser

passo ao lado

ai lado do importante..passo
e acrescento um remendo
adiar é vestir o inevitavel
cheio de erros, de contra as partidas
lendas que sonho
medidas inantingíveis por tamanho
mas vagarosas...mais até que o caracol
que em cada por cada ao invés do passo a passo
distancia-se de mim..
e ainda o ouço a dizer
- Aquela pedra pensa que é um cão!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

margem

Esquece Te
e lembra Te
se a ti fizeres isto
é apenas um outro dormir e acordar
e como todos os outros
fazem com a luz do sol, o fazem com a luz da lua,
com o madrugar
renasce do sono a energia
e assim contra pondo
e contra os versos
te encontro
e encontro
pululo nas frases, nos sentidos
não demorando mais ou menos..
nos significados
crocantes alaridos
do mundo denso de pensamentos
mas onde ia eu?
esqueci Me e
lembrei Me
e acordo nos dias
num novo ser

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A Morte dos Sonhos

Rodava furiosamente sentado em veludo.
Cuspia as palavras raivosamente e elas encaixavam.
Enquanto fazia o químico trabalhar até á exaustão devorava os delírios do Mundo.
Ele era o Buraco Negro da Loucura.O Devorador de Sonhos.A Morte da Imaginação.
Uma corrente invisível de ideias, sonhos , palavras sentidas mas não ditas, corriam para ele, que em silêncio tudo digeria.
Os arrotos ocasionais soavam cheirosos ao nariz do dealer profissional que se empenhava em criar algo de mais forte. Afinal a loucura era cada vez mais profunda e o Mestre precisava de estímulos cada vez mais fortes.
As mais sublimes e terríveis alucinações deixavam o herói fora de si.
Á medida que o transe apertava ele soltava-se. Os quimicos corriam livres nas suas veias e o seu sorriso de gárgula rasgava-lhe os cantos da boca.
O gosto do sangue enjoava-o mas havia-se habituado á muito.
Os seus santos trajes invocavam sangrentos sacrifícios bilaterais.
Invisíveis tornados sem qualquer constituição atómica rodeavam o homem.O químico olhava, sempre admirado, o falar dos equipamentos.
Apesar de não haver qualquer acção á volta do Amo este estava sem dúvida a reagir a algo exterior a Ele. Valoroso esforço este, pensava ele e toca de aumentar a dose.
Um frémito abala o espaço e o tempo. Um fio de baba pende precariamente da beiça do dealer enquanto vê o seu melhor cliente expandir-se além do provável.
A expansão é acompanhada pela mudança de forma, cor e substância.
O controle aparente, mas á muito perdido, quebra-se e aquilo que não era ganha substância.
As veias entopem-se e os canais fecham-se. A atracção continua mais forte que nunca. O vortex que era aquele Homem está mais belo e forte que nunca. Os pensamentos duma raça fogem em busca de melhor cálice.
E Ele transborda. A feliz agonia com que, quem nunca quis estar vivo, enfrenta a morte espanta o médico louco, que não vendo que os remédios á muito não fazem efeito continua o seu envenenamento metódico e gradual.
Ele deixa de poder receber e o seu poder acaba. Aquilo que ele guardava tem que sair por algum lado. A expansão continua e em breve ele flutua no ar, lembrando um zeppelin canceroso. A sua cor esverdeada e fátua condiz com o cheiro azedo e morno que invade o lugar.
As janelas da sua Alma continuam abertas e a paz é a mesma de sempre.
A resistência quebra-se e a aceitação é total.
Ele fecha os olhos e nesse momento dá-se a implosão.
O químico esfrega os olhos confuso com o vazio da sala. Comunica o acontecido aos seus superiores e auto-flagela-se por isso a comando deles.
De seguida deita-se e dorme o sono dos injustos nunca se questionando porque nunca mais voltou a sonhar.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Rio Chorando

Mordendo as próprias patas desapareço.
Materializo-me tal qual geada num pára-brisas.
A escolha não sendo minha ou dele,mero produto de frias brisas e outras circunstâncias.
As muitas águas bebidas sem sede matarem.
As sedes, muitas, que água alguma saciará.
Uma tristeza pacífica invade alguém e o Rio Chorando voga plácido.
A Vida não o É sem a Morte.
Vivendo na ilusão duma vida que só Eu Vejo.
Apenas aqueles que vivem fora merecem entrar em Mim.
O fel contamina o mel e a vida tem mais graça.
Minímo esforço para máximo lucro! Fará isto sentido?
Abro a boca do inferno e todo Eu surjo resplandecente.
Cerro os lábios e a minha ascenção é tão mais rápida...
As minha palavras nunca o foram....minhas são as que não digo a ninguém.
E se em mim não acreditar como crer em tudo o resto?
Quem sou eu?Mentiras do meu Ego?Ou vim para ficar?
Mato-me por momentos para ver a Verdade.
Apenas os sonhos restaram para confirmar a Verdade.
Só queria ser uma palmeira naquela ilha.Esquecendo sentidos e razões apenas Sendo.
Não podendo fugir ao meu aumentar de influência aceito as consequências da minha existência.
Rodeio-me de amigos, cuspo para o ar e faço cara feia.
Venero a minha concha e fecho-me sem contemplações.
Quando volto os caminhos desapareceram e estou condenado a permanecer nas margens do Rio Chorando.

choro mas não sem riso

abro-me..como se abre uma outra coisa qualquer
mas poucos, senão mais que poucos assim o fazem
os que me conseguem..tanto me beijam sem me tocar ou se fazem verdadeiros nas suas poucas mas duras palavras.
eu agradeço..pois já não tenho ou pelo menos tento já não ter..a ambiguidade de querer a razão ou o sentido..que me diferença faz ser uma onda e rebentar em outra praia qualquer..já não me interesso pelos meus sonhos conscientes, eu perdido na verdade ou enclausurado na mentira...tanto me faz...o que não vale é ser igual ao que mente pra expressar o que é.
e se acredito num ponto, acredito ainda mais no seguinte..que aos poucos como nas letras nas tretas que invento... eu verbalizo
e sabe bem cair já depois de ter caido..a frase fragmenta-se e todo eu junto com ela..poderia ser mais o melhor?que me interessa?!sentir o mel jorrar no lugar da antiga acidez..os que prezo tanto estão vivos ou mortos pois o que me vale é permaneçerem em mim..quem me diz a mim que morto ja estive ou estou.a morte terá mais vida do que se pensa precisar..
alegro-me sem ter que estar feliz..
bebam agua os que poderem..vinho pouco é que não...grão a grão ou bago a bago..escolhe uma
e a importancia vai caindo, como cai uma tinta qualquer,melhor dizendo sou eu que desaparecendo...surjo.
lambemos e mordemos patas ou mãos

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Sorrisos

Passos apressados e saltitantes acompanham o relaxado total.
As palavras saem novas e são corrigidas para outras mais antigas.
Batemos nos joelhos rindo a bom rir.
O olhar admirado dos outros ainda mais nos alegra.
No meio da bosta nascem as mais belas flores.
E o sorriso sempre será a melhor arma.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Um regresso

Sento-me e o meu corpo reconhece o sítio.

Os meus ossos agradecem e o ritmo cardiaco baixa.

A minha caverna recebe-me e pensamentos antigos povoam o espaço.

Os confortos bafando confrontos e as peças continuam lá,encaixando suavemente.

Alguem chama os bois pelos nomes e eu só o conheco na morte.Os malucos,aqueles que a sabem toda,acabam inconscientemente auto-segregados pela sociedade,incapaz de os entender e aceitar.

A minha bolha cai em cima de todas as outras bolhas mas somente reconheço aquilo que posso.

Um puzzle visto de cima é coisa boa de se ver e a charada decifrada tem sabor a vitoria.

Os compromissos não me moem e tenho todo o tempo do mundo para moer os compromissos,meus e dos outros.A liberdade tão bela quanto perigosa roça a libertinagem e as bocas abrem-se de espanto.

A atracção pelo abismo nunca foi bem aceite por uma sociedade que condena o suicídio e as palavras morrem orfãs de quem as entenda ou viva.

As ofensas dum papagaio têem duplo peso no seu dono e sempre adorei ver um cão morder a mão que o alimenta.

Enquanto me rio, somente porque posso, vou esgravatando umas palavritas neste mavioso teclado.
Os sons de dado pretos que me escorrem pelo cérebro não ajudam em nada ao bem no Mundo mas a mim doce me soam.

O regresso áquilo que eu sou é cada vez mais confortável.