quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Jurema

Sentado por detrás de um belo e imaginário par de tetas dou por mim a sentir algo do qual não me lembrava. Digo sentir pois o pensar a ti não se aplica, bestas instintivas como nós necessitam de outras rédeas e estribos, e se a questão fosse do foro racional seria nesse plano lidada.
Mas Jurema, escorregando,volto ao tema como se trocássemos larachas entre copos de imperial e sumol de ananás. Vivemos num mundo de caralhos onde as/os conas são sempre fodidos.
Não sei de é das tetas ou do periodo simpático mas por vezes sinto-me enrabado por interposta pessoa e como sabes nunca gostei de menages, logo arrelio.
Dou por mim a falar de escalas e em códigos orais. Imaginando o Universo conhecido e desconfio que este belo astro em que habitamos poderá em breve ser considerado um corpo canceroso e como tal destinado a todas as corrupções. Nada disto me assusta e reconheço a minha mágoa por não estar presente ao longo da totalidade do processo.
Divago Jurema, que bem podias ser doutoura, quando devia contrapôr não o querendo. Sinto-te presa em maus lençóis. Alvos de outrora mas hoje carregados de pústulas com memória e pêlos de cadelas várias. Parece que te vejo a farejar os estranhos na esperança de cão alfa mas acabas sempre a ladrar á Lua que nos entretantos se fez tua amiga.
Jurema que nunca me falhes no falhar nem no sentir que tudo o resto eu compro ou mando vir de fora. Tempos são aqueles que ainda vamos passar juntas, as pessoas, todas. Aquelas que fomos, somos e seremos.
De peitos feitos podemos sempre criar um mundo onde os falos falem menos e onde a criação ou geração sejam mais valorizados que a compra ou conquista. Pessoalmente apenas encontro conforto na certeza de que a minha existência é útil a outros e apenas as suas solicitações encontro consistência. Caso contrário desconfio que passaria pelos dias sem eles passarem por mim.
Como se o melhor do teu dia fosse levar a cadela a mijar ou meter papel na fotocopiadora.
Jurema que sempre me saiste mais sensível que a encomenda e que sofreste na prata os maiores dos castigos apenas me resta abraçar contigo tudo aquilo em que tocas e fazer o melhor que podemos.
Quantas peles vestimos nós na tentativa de nos associarmos com o que nos rodeia?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Laura

Aqui Laura tudo jaz
aqui Laura tudo o que jaz serve de lodo para uma nova vida
tudo passa e nada fica para me fazer lembrar que não existe o remorso da consciência, ou todas as palavras numa só boca.
Aqui Laura os dias são apenas gotas de uma chuva, apenas farejo o presente já com réstias de passado, Aqui deixou de existir um tempo...tudo infinitamente se sucede.
a dor, alegria, o amor, a paixão e os sentimentos passageiros do mesmo comboio, roupas que mudam o aspecto, julgares que não mudam nada e olhos que não aprendem o que é ver...
Laura os tempos são estes de trincar frutos colhidos apenas por nós, duma árvore que ninguem tocou como os nós que fizemos só para os desmanchar na preguiça do juizo não querer ser nada do que é...tu não és Laura, o adeus não é despedida, mas sim um agasalho à recordação de ter sido real, algures, em sitios e lugares em que se ocupam somente pelo vazio,Laura são mais os silencios preenchidos, gordos e quentes sentidos de não proferir o que se comeu e digerir e acabar sentado na sanita do conceito largando cheiros e pedaços do que foi comida, que me deu na barriga impressão de poder continuar por mais um dia, mas isso Laura é pura mentira, eu se morrer é de ter vida e não de pensar nos dias que julguei viver
Aqui Laura não se percebe as coisas sentidas em tidas como verdade,farejo, mijo e cago nos passeios que sem ironia me fazem perceber onde estou, nos pequenos infimos actos, nos espaçamentos, nos intervalos, nos falsos e visuais pedaços do que sou.
Aqui Laura nunca foi mais bonito as folhas,as pedras mortas, as gastas horas de um relógio farto de contar os segundos que caiem no pano de fundo deste teatro, não vi aqui, o instante esticar os braços até onde és ou Estar, não contaram os abraços que demos, os versos que juntos fizeram a comida para um prato que não usámos, de rir apenas a mim, que segurando a luz à claridade, o verso encostado contra o papel, tu não seres, eu não conseguir deixar o ser, ser outra coisa além do que é e os pensares serem partos interiores de uma mãe sempre mãe ser, até ser pai do grito do grito de escrever. Laura os dias são cheiros,os sentimentos nariz, a mentira e verdade os talheres...e eu como apenas com a boca lambendo partes do chão, lavando pelo acto a renovação de lamber tanto merda como mel das mãos do Devir...e só trinco o que pode existir o resto é só procurar,dar voltas no proprio eixo e enrolar a coluna da solidão no peito protegido de pelo, pelo verso contra o verso.

domingo, 2 de maio de 2010

Existo mais

Não sendo nada descubro tudo o que sou e mais um pouco.
Misturando todas as palavras que conheço acabo por inventar uma linguagem nova que não querendo dizer nada acaba a tudo dizer.
A necessidade de expressar sentidos e sentimentos acaba por minar os diálogos fazendo com que inesperadas explosões surjam após o que pareciam ser leves palavras.
Um coração que bate a ritmos que teimamos em não entender leva alguns a fazer aquilo que nunca desejaram e acabam a sentir-se loucos por apenas não quererem sentir.
Uma mente que nos leva onde um corpo não pode entrar acaba por me levar a mim a um lento mas consciente e inexorável processo de anulação.
Sendo eu a única barreira a que o EU me encontre de nada vale querer existir mais

quinta-feira, 15 de abril de 2010

o tutano do eu

mordo as palavras
elas mordem-me igualmente
mato-as brutalmente
elas vivem
sangro-as doçemente
elas resistem
se sou eu que existo...não o quero!
a brutalidade desmanchou-se em amor
vencido por um outro eu..eu!
pela ponta dos cabelos sinto
que é Agora que sou levado
na espiral dos tempos
a minha utópica consciência não era mais que um sonho
que eu não sendo..existo mais.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

ser pão

Que parvoíce em jubilar
O caroço de um amargo engolir,
Juntos os lábios perfazem,
Artesanal, fazer das mãos,
A cura, a purga, uma boa mortalha feita ela de interior
O que fumamos (fumo) são aragens dos desertos
Que ninguém pisou.
Formas, bonitas formas, o contraste reclama subtilmente a face do oculto,
Que não se escondeu
Também para quê?!
Dizer a quem ainda não me viu
Que aqui estou.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Alegria!!! Alegria que não te vejo

Só quando estamos longe descobrimos que não existe distância.
Não precisando de saber, ver, ler ou escutar resta alegremente esperar.
Quem sabe do que fala passa a maior parte do tempo calado e com esta certeza se fazem tantas coisas bonitas. Aqui e aì, sem que nada pareça mudar tudo já mudou.
As idéias cristalizam com ajuda das emoções alimentadas a serões passados juntos.
Quando os silêncios deixam de ser incómodos a vontade de agir surge espontânea.
Aquilo que era alvo de chacota passa a ser o que nos faz perder noites em alegre actividade.

Calmos e serenos mas com poderosos rios correndo dentro de nós.
Pequenos afluentes dum caudal maior que a todos une afinal.
É esta água comum que nos faz crescer e dar frutos mesmo quando o ambiente parece não ajudar.
É por saber que esta nunca nos vai faltar que a minha alegria é cega

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ausência de valor

Digo e desdigo o que digo sem ninguém mo dizer.
Nesta desdita não perco Norte nem Sul por aì o valor nada valer.
Reparo que as minhas palavras apenas existem no momento e para o momento.
Tudo o resto é apenas isso um resto, adição ou algo menos...mas nunca aquilo que já havia sido.

Neste brilhante jogo nada é o que parece e usar do juízo é pura ilusão.
Prefiro deixar escorrer bacoradas por mim a baixo na esperança que alguém me contradiga.
Os confrontos são menos que os desejados mas sempre saudados com sangue, suor e lágrimas.
Vivendo cada baforada de vida como se fosse a primeira ou a última esqueço que podia haver um sentido algures oculto debaixo dos meus sentidos.

Sigo livre do peso do meu passado pois só assim consigo ser autêntico a cada instante.
Oiço as vozes que me recordam aquilo que dizia ontem mas é apenas eco sem boca nem orelha.
Quando lhes digo que nada do que disse, digo ou direi terá qualquer valor arremelgam a vista confundidos.
Prefiro que o valor esteja apenas naquilo que É e não naquilo que foi, será ou poderia ter sido.

O presente também não tem qualquer valor pois se te deitaste a pensar nele assim ele se passou.
A matemática da vida esconde-se por debaixo de fórmulas insondáveis para nós de nada nos valendo meter a contas.

Por quanto tempo mais vou eu continuar a dar valor ao que vivo?