quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Sem PeRnas

Ainda que o gelo viesse e todo o movimento cessasse.
Ainda que na noite fria o fogo se apague.
Ainda que nada mais de bom se passasse.
Ainda que mais ninguém me afague.

Corremos de mãos dadas com a Vida.
Caímos e rimo-nos saudávelmente das nossas quedas.
O sangue perdido foi uma fresca brisa.
As dores sendo a cola que nos faz Ser.

Ainda que nos caiam os dentes o sorrisso ficará.
Ainda que nada seja o que parece continuamos a tentar.
Ainda que distantes nunca sózinhos.
Ainda que cem peRnas faremos O Caminho.

4 olhos

saudo-te...
desta mente
corro contigo
nos animais que somos
de repente...é de repente
que implode o dormente
e já fomos...isto da vida é uma sinapse dentro da bica
importante são as murtalhas
Ninguem ( parece ) passa sem elas
fumo-te e porra!! Sabe bem!!
esvoaças ... pela janela
O que fica é o sabor do momento
De tudo o que passou sem passar
Dava um murro no espelhos do mundo senão me
aleijasse
E o inconveniente de fazer a barba no escuro
Por onde passo, já estive
onde estou..nunca
visões simplórias detrás da nuca
do que desconheço
que está a vir
corremos em patas de gente
olhamos com os olhinhos
lá adiante
e transfigura-se o presente

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Medidas de mérito

Qual a medida da covardia humana?
Todos nós, de Hércules ao mais pequeno bebé chorão, temos a nossa medida de coragem e covardia.
Será possível e de interesse medi-la?
A minha curiosidade científica diz-me que sim.

Quem será mais covarde?
O que vive sem pensar? Ou o que pensa sem viver?
Gritam-se palavras de tolerância, respeito e aceitação
mas os actos traem as palavras revelando as prisões que nos amarram.
Lendo livros aceito lindas utopias
que desculpando os meus actos se contradizem a si próprias.

Saber Demais

Algo está a saber demais
A saber demais a sal, talvez lágrimas
A saber demasiado a fel, talvez azia
A saber somente a mel, talvez fantasia.

Perdemos o tempo no que sabemos ou saboreamos aquilo aos que os outros sabem e na essência nada muda...Passam saberes e sabores mas a boca é a mesma.

Olhamos para baixo e vemos a resposta ansiada aos nossos pés...
Trocamos olhares de incrédulo terror e corremos como se de cruz se tratasse...Enquanto um disfarça o outro assobia e tão cedo não voltaremos a olhar para os sapatos

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

isótropo

Desconheço-me, perpetuando a persistência de me lançar, fundo ou mais alto.

O caminho apenas se dissipa e se molda

Os limites nunca foram eixos, a cobardia é também coragem, a decisão e as inseguranças …não os reconheço, são tantos que perco a visão, recordando apenas o bafo quente do medo e da canção da alma…cego onde não é preciso ver, ignorante o bastante para não saber…onde começa a ignorância.

acorda ou ...

Acordo em sobressalto
vivo, outra vez
um vivo ansioso
com ansias de provar..o fresco renovar da atitude
a seguir a todas as intoxicações sentimentais
um estomago novo e vazio
aparece...vindo quem diria,
do sentir a dor
como o repetido nascer
mas desta vez
de olhos abertos
com os olhos do ser.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Começar a largar

Só me apetece escrever.Escrever, escrever para ninguém ler.
Penso e repenso até que suspenso o fôlego
empenho a pena e que Pena esta que me leva a escrever.
Revejo a minha eterna dualidade e procuro alguém que a entenda.
Não busco aprovação nem julgamento somente preciso de ver quem sou.
E ao ler o trabalho da penosa pena acabo sempre por me ver mais claro.

Se calhar á medida que vamos largando as palavras vamos ficando mais leves e etéreos...Será a perfeição feita de silêncios?